Penso às vezes quantas sensações podemos sentir numa vida. E
sempre chego à conclusão que as mais fortes estão relacionadas com quando nos
sentimos surpreendidos ou quando estamos frustrados. E termino aqui com
qualquer expectativa de um texto motivacional e positivo. O lado miserável da
vida existe; e quando aparece pesa muito mais.
Na verdade, temos essa impressão cristalizada que a vida é
uma sucessão de esforços e sacrifícios, e que no fim, mesmo que fingimos não
esperar ou que não é importante, queremos ser surpreendidos com o bom
resultado, para dizer que todo esforço valeu a pena e que Deus ajuda quem cedo
madruga. Mas pode ser que a vida seja uma sucessão de esforços e sacrifícios
que resultem numa incrível perda de tempo, porque o que temos de materializado
por antecedência é a frustração. A frustração de não ter/conseguir o que fizemos
por merecer, ou pelo menos deveria ser assim.
Eu queria morar num mundo em que aceitássemos melhor quando
temos que pegar o retorno e começar do início. E que quem consiga alcançar os
objetivos tenha os seus méritos reconhecidos, mas que se ligue que o mundo pode
ser sacaninha da próxima vez. Essa consciência pelo menos nos livraria dos otimistas de Facebook.
Acho mesmo uma pena pensarmos que o natural é sempre
conseguir tudo, ser reconhecido sempre. E ignoramos o risco e a probabilidade
de zicar em alguns momentos da vida apesar de todo esforço e trabalho. E não
reconhecer os erros naturais ou a aleatoriedade do mundo, e se culpar, e se
torturar. We are not the champions.
Nenhum comentário:
Postar um comentário